Era uma noite sem lua, quando ele
bateu na porta de minha casa, eu já o esperava pronta, quase sem roupa. Era de
costume ele chegar assim, principalmente quando ele estava muito necessitado.
Sentou no sofá, elogiou-me com aquela sua voz rouca e aquele olhar medonho. Eu
ri sem graça, agradeci logo em seguida. Ofereci-lhe uma bebida, não aceitou.
Ele fisgava-me pelo olhar, percorrendo todo o meu corpo em segundos. Eu tremia
de desejos, mordia os lábios em resposta daquele gesto. Ele não resistiu, me
puxou pelo braço e me beijou sem dó. O seu beijo era vapor, esquentava-me a
alma, eu, enlouquecida apenas com aquilo. Suas mãos percorriam minhas
fronteiras. Quando me espantei, ele já tinha se livrado das minhas vestes. Fiz
o mesmo com as dele. Havia algo vivo dentro e fora daquele homem, uma rigidez
em ambos os lados, apreciava-os delicadamente.
Fomos
para o quarto, ele pôs todo o peso do seu corpo em cima do meu, mesmo estando
sufocada, eu gostava daquilo. Sua respiração ofegava exageradamente, e era o
som estrondeante que havia naquele quarto. Ele me banhava de sal. Nossos corpos
deslizavam um no outro. Certa hora resolvi comandar a embarcação, o prendi
pelos braços, e naveguei avante. Ele me
pediu para ir mais fundo, obedeci, logicamente. Então perdi meu trono, o jogo
se alterou, ele me virou de costas, trafegou toda a sua língua em minha coluna
vertebral, com a mão direita ele prendia meus pulsos, e com a esquerda, já com
o pincel nas mãos, escreveu um poema em minhas costas, o pincel era áspero, eu
respirava ofegante em cada toque, como quem se afoga e morre sem ar. A escrita
saiu espontânea, ao findá-la, sussurrou em meu ouvido o que havia sido escrito:
“Nunca mulher nenhuma me saciarás,
Pois tu, me serve em
banquete,
Aquilo que todas sovinam:
prazer absoluto”
Então, posta de frente novamente, fui
consumida, arduamente preenchida. Íamos e víamos, numa velocidade constante,
éramos maquinas. Não sabia em que mundo estava, fiquei tonta de tanto prazer.
Eis da chegada hora, jorramos juntos o safári de águas profundas. Respiramos
aliviados, satisfeitos de ambos estarem vivos e não ter morrido de prazer.
Entretanto, depois de saciado, ele se virou de lado, adormeceu calado, sem
saber de mim. Eu conformada, ansiei pela próxima vez. (Ítalo Lima – 11/03/2013)
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