terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ESTAÇÕES DO ANO E OS PROBLEMAS COM AMORES


Certa vez, em um desses sonhos de Alice, o Inverno se apaixonou pela Primavera, ele calou-se diante de tal sentimento, jurou segredo para consigo mesmo. Tão gentil com ela era, lhe trazia chuva quando pedia, e no terceiro mês do ano ele via contente a chegada da dela. Primeiro os botões de rosas surgiam, deles se abriam lindas flores, com aromas de beijos de amores, e o orvalho percorriam as peles das lindas rosas, naquele instante o Inverno podia sentir a delicadeza da Primavera, satisfeito com tal toque, ele então trazia chuvas em abundancia, para todos os dias tocar novamente nela. Ingênua, de riso frouxo, ela não entendia todo aquele afeto, não tinha olhos para nada, apenas para o Verão seu amor dedicava. O Inverno ciente de seu amor platônico respeitava tal escolha, amava em silêncio a bela Primavera. Os meses se iam.  
Em cargo de tal paixão, o Verão não valorizava tal posse, abandonava a Primavera quando as flores vinham a murchar, renegava tal amor. Para ele não convinha a flácida aparência. Ela entedia tal fardo, desabrochava contente, crente que voltaria revigorada. O Inverno de longe lamentava, calado com tal injustiça.  E vinha o Outono, trazendo bons frutos e boas novas. E assim se dava esse ciclo vicioso.
Então, o Inverno cansado de tal mesmice, não aguentando tamanho sufoco, criou coragem e se declarou para a Primavera, presenteou-a com arco-íris e beija-flores. Receosa com tal declaração, ela se fez difícil, quase não sedia, até que então se entregou a esse amor proibido. Amaram-se os dois. E o vento se fez mais forte, e as flores no apogeu de seus aromas, se fez mais firme com tal ventania, as rosas se encheram de vida com jamais haviam antes, então o dia se fez mais longo, e na vigésima quinta hora vigente do dia os dois se deram contente. O Verão praguejou contra os dois amantes, enraivado com tal traição, ele se entristeceu conformado.
Eis que chegada a hora, a Primavera se fez mais flácida. O Inverno viveu na pele o horror daquela cena, ela que era tão bela e macia, agora se pôs na frente dele murcha e enfraquecida. Não aguentando tal horror o Inverno se fez maldoso, lhe virou as costas, sem despedidas. Saiu sem culpa, porem satisfeito de tê-la possuído ao menos um vez. E a Primavera desabou sem vida. (Ítalo Lima) 

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