Acendi um
cigarro. O lindo cigarro. Não me pus em hesitação, logo me declarei a ele. Sua
forma viva me despertava um sentimento agradável. Emanei as mais belas palavras
de amor. Meu olhar o fisgava de uma maneira inexplicável. Desejei-o. Possui-o.
Tremi de amores. Pude ouvir meu coração palpitando em ritmos acelerados.
Frenesi alegórico. Criei coragem e traguei-o. Sua chama de luz me fascinava os
pensamentos. E quanto mais o tragava, mais a chama ardente se firmava. E eu me
dava por satisfeito com aquela situação. Suas respostas me vinham em fumaças
opacas e sutis. Eu tossia vez ou outra. Ciente de que aquilo me fazia mal,
escolhi continuar.
Vi-me em
transe, empestado de amor vadio. No apogeu do meu alento revigorei minha
identidade, tive o mais viril dos orgasmos, quase gritei, ele me adentrava as
entranhas, me terebrava a epiderme, me invadia o peito puro. Dei-me sem medir.
Extasiado de tanto prazer, louvei a vida em pensamentos, entendi a razão de
ser. Até que então, percebi que o fim estava próximo. Vi em minhas mãos a
bagana em agonia. O cigarro estava indo embora. Lamentei. Despedi-me. Da chama
viva que outrora me invadia, restaram apenas as cinzas de um amor que eu
julguei eterno.
ÍTALO LIMA
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